Gabriel Squizzato

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Edição e entrevista:

Ivanildo Jesus

Design:

Kas Hoshi e Victor R. Ribeiro




A Beleza do Som presta sua homenagem ao grande pianista brasileiro Nelson Freire, que nos deixou no dia 01 de novembro, aos 77 anos. De carreira internacional, Freire é notadamente um esteta sonoro sem precedentes na história recente do Brasil. De sensibilidade ímpar, nos deixa com gravações preciosas, onde se é possível reconhecer sem dúvidas a beleza de seu som. A Nelson Freire, nossa singela homenagem.

https://www.youtube.com/watch?v=sTodU4Hk3_I
                                                                                                                      

Estudar e fazer carreira na Europa é o horizonte dos sonhos dos jovens instrumentistas. Sempre instados ao perfeccionismo acrobata, fazem o possível e o impossível para viabilizar a trajetória; já que lá, acreditam, é onde poderão de fato obter o pleno desenvolver de suas faculdades artísticas. No exterior deparam-se com as instituições seculares da música de concerto funcionando há plenos pulmões, e, se tudo vai bem, logo, além do estudo, conseguem trabalho. Se as coisas não vão bem, deparam-se com horas de trabalhos (não artísticos) excruciantes, atreladas às exigências infindáveis de seus locais de ensino. Aos que tudo vai bem, se há algum resquício de compaixão, resta uma pergunta, o que será daqueles nas terras tropicais? 

            Nestes dias as terras tropicais sofrem com as intempéries da crise política. Lá fora viramos chacota, ou exemplo do que não se fazer na pandemia. E essa é só uma das nossas crises. Antes da pandemia já vínhamos de uma crise financeira que a cada dia mais se intensifica. Alguns de nós foram de músicos à motoristas de aplicativo, não por opção, mas por necessidade. É impossível manter a beleza do nosso som se nos falta o básico. É impossível manter a beleza dos nossos sons se a cada dia nossos vínculos empregatícios ficam mais fragilizados. A nossa fome e sede de formação, e informação, dá lugar a uma fome real. As preocupações técnicas cedem lugar às preocupações estruturais. O que será do futuro da nossa profissão?

            Nesse universo de incertezas ver como os países cujas instituições seculares de música se mantém, apesar dos apesares, serve de estudo ao nosso caso. Longe de com isso sanar nossas mais severas carências sociais, com as soluções dos colonizadores, entretanto, ajuda a entender como manter viva a chama da música, de forma que as tempestades sociais e políticas não a apague. Assim nasce uma classe de jovens músicos com “Ouvidos Pensantes”, músicos que além da habilidade na performance, almejam ler conjecturas sociais tão bem quanto as partituras e esperam conseguir dialogar, com e sem instrumentos, com as necessidades do contemporâneo. 

            Gabriel Squizzato é violista, radicado em Viena e assistente da renomada professora Jennifer Stumm, mantém junto as atividades musicais conversas francas com o meio, no intuito de pensar em soluções coletivas para os problemas que atingem a classe artística. É mais um desses que deixa o Brasil sem deixá-lo, mantendo-o no escopo de suas projeções. Gabriel começou seus estudos aos sete anos, no Brasil se formou em bacharelado em viola pelo Instituto de Artes da Unesp, sob orientação do professor Ricardo Kubala.  Atualmente é coordenador do festival Ilumina, e diretor cultural no instituo Res Publica. Hoje conversa conosco falando um pouco mais das condições que permitem a beleza do nosso som.